Por que você não tira um sabático?
O Despertar
REFLEXÕES E INSIGHTS
2/17/20253 min ler


Certo dia, você acorda em mais um fim de semana normal no seu apartamento alugado. Um dia preparado para tarefas banais - fazer faxina, lavar roupas, cuidar das plantas da sua varanda, em meio à cidade mais populosa da América Latina.
Ao estender sua roupa recém-tirada da máquina de lavar, se pergunta: "O que eu estou fazendo da minha vida?" Sinto um vazio imenso, nada tem graça ou cor, uma vida cinza, como as cores da maioria dos prédios da cidade onde moro.
Olho para o céu limpo da sacada e observo as pessoas passando na calçada. À vista dos outros, parece que tenho tudo - um bom trabalho, bom local para morar, boa educação, bons amigos e, ainda assim, no começo dos meus 30 anos, sem obrigações familiares como filhos e um marido para "cuidar". No entanto, para mim, parece tudo tão inútil.
Sempre fiz tanto esforço para "vencer na vida", que sinto que me esgotei em tudo em que me dediquei. Me desfiz em todos os papéis que desempenhei: o de filha, o de estudante, o de trabalhadora, o de colega, o de amante, o de amiga, o de adulta. Não sobrou nada de mim, um vazio que pesa tanto, que até levantar da cama parece ser um grande sacrifício às vezes.
Tinha acabado de fazer uma viagem com uns amigos no feriado prolongado na semana anterior, e mesmo assim estava cansada, estava vazia. A viagem foi ótima, fomos para o interior de Goiás, revi amigos de longa data, visitamos cachoeiras, rios e cavernas. As cavernas foram uma atração à parte, belezas internas formadas pelas águas cristalizadas, pontiagudas seguindo a gravidade.
Mesmo assim, a viagem não me distraiu das minhas insatisfações existenciais; muito pelo contrário, acentuou minha percepção das máscaras que usava na vida cotidiana. Cada caverna que entrava parecia que eu estava explorando um canto escuro de mim mesma, esperando por uma luz para ser vista. "Esse relacionamento não é bom", "Esse trabalho não te faz feliz", "Essa cidade não tem mais nada para te oferecer", "Essa situação já deu o que tinha que dar". Cada canto escuro que atravessava, um eco diferente dentro do meu coração surgia.
Dois dias percorrendo trilhas e cavernas, quanto mais caminhava, mais sentia que precisava trilhar outro caminho na minha vida. No fim da viagem, confessei minhas angústias a um dos meus melhores amigos. Ele, com sua vibe de guia e conselheiro, me aplicou um reiki e me disse algo que nunca pensei que poderia ser possível para mim: "Por que você não tira um sabático?"
Quando ouvi isso, a ideia me pareceu um pouco absurda. Como vou tirar um sabático? E meu emprego? Eu não sou uma pessoa rica, ou sustentada por alguém para passar um tempo sem fazer nada! E o dinheiro para sobreviver?
Sobreviver... a minha vida toda até aquele momento era sobreviver, nunca tinha parado para pensar. Eu não estava vivendo, eu estava sobrevivendo, me opondo às resistências e aos obstáculos para permanecer em situações que às vezes não me faziam bem ou não tinham mais sentido para mim.
E viver, supõe "um desejo de ser", já dizia Nietzsche, um desejo de ser apesar de tudo. E naquele momento, eu nem sequer sabia o que eu desejava ser. Viver é mais que sobreviver. É ser completamente, sem resistências, você mesmo.
Voltei para casa com a semente plantada, mas sem pensar muito nessa possibilidade de ter esse tempo. Um fim de semana depois, estendendo minhas roupas no varal, me perguntei: "O que eu posso fazer para mudar minha vida, mudar o que eu sinto, ter desejo de viver?"
A resposta veio: "Por que você não tira um sabático? Não há nada que te prende aqui, é o momento perfeito." Aquele momento era como se a cidade se tornasse tão colorida quanto dias de carnaval. Meu coração tão cheio de euforia que era como se uma adrenalina subisse por todo meu corpo; eu estava me preenchendo pelo desejo de ser e pela ideia de viver um sabático.
Créditos: Foto Original - Terra Ronca, Goiás, Brazil
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