Coloquei minha vida em caixotes.
Meus sonhos em duas mochilas.
Minha velha roupagem em malas.
Doei coisas que não faziam sentido carregar no meu presente.
Desfiz dos sapatos que antes protegiam meus pés, e que me mantinham em um pedestal da personagem que construi de adulta.
Troquei-os por um tênis e um chinelo para me sentir aterrada e confortável no meu caminhar. Minha mãe ficou preocupada.
Minha avó apavorada.
Meus amigos me apoiaram.
Colegas me admiravam.
Outros ficaram espantados com tamanha coragem e desprendimento.
Uma força de vida se misturava com minha ansiedade em cada passo que eu dava em direção a nova aventura da minha vida.
Sentia o refluxo do medo no meu estômago.
Eu me julgava louca.
E, ao mesmo tempo, me assustava com minha própria coragem de encarar o mundo com força.
Assim, comprei um ticket só de ida.
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